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Nosso objetivo é
tentar explicitar algumas noções sobre a linguagem matemática
e o raciocínio lógico utilizados nos textos matemáticos.
A linguagem matemática
não é aquela utilizada no dia a dia, quando nos expressamos
através de algum idioma, seja ele português, inglês,
italiano, espanhol,... Basta comparar um texto matemático com um
texto literário, para percebermos a diferença. E não
se trata apenas de uma questão de simbologia; a questão
fundamental reside na lógica interna da linguagem matemática
que é diferente daquela da língua materna.
Em Matemática,
todas as palavras têm um sentido preciso. Isso significa que o conhecimento
do significado das palavras é fundamental.
1. A linguagem
proposicional
Uma oração
ou frase em Matemática pode estar afirmando um fato correto - isto
é, verdadeiro (V) - ou errado - isto é, falso
(F) -. A partir de frases, verdadeiras ou falsas, podemos formar outras
frases usando expressões como: "... e ...", "...
ou ...", "não...", "se ... então ...",
"... se, e somente se, ...", "... sempre que ...",
"... equivalente a ...", "... portanto ...", e assim
por diante.
A fim de facilitar
o entendimento, vamos denotar
uma frase qualquer por uma letra minúscula do alfabeto: p, q, r,
s, etc.
A veracidade ou falsidade
de uma proposição que envolve alguma das expressões
acima - isto é, uma proposição composta - pode ser
concluída através da chamada tabela-verdade, que
é construída a partir da combinação dos valores
V ou F das proposições básicas, que compõem
a frase.
A
negação: Dada uma frase p, que pode ser V ou
F, sua negação - que se indica por "~p"
- será, respectivamente F ou V.
A
conjunção "... e ...": Dadas duas frases p
e q, que podem ser V ou F, a frase "p e q" - que
também é indicada por "
" - será V apenas quando cada uma das frases iniciais for
V.
A
disjunção "... ou ...": Dadas duas frases
p e q, que podem ser V ou F, a frase "p ou q"
- que também é indicada por " "
- será F apenas quando cada uma das frases iniciais for F.
A
implicação "se ... então ...": Dadas
duas frases p e q, que podem ser V ou F, a frase "se p então
q" - que também é indicada por "
" - será F apenas no caso em que p é V e q
é F.
A
equivalência "...se e somente se...": Dadas duas frases
p e q, que podem ser V ou F, a frase "p se e somente
se q" ou "p é equivalente a q" - que
também é indicada por " "
- será verdadeira quando ambas forem verdadeiras ou ambas forem
falsas.
2. A quantificação
Em Matemática
utilizam-se dois quantificadores: o existe e o para todo,
que são denotados, respectivamente por .
A expressão
"existe"
é utilizada
quando a propriedade enunciada admite pelo menos um elemento no universo
considerado que a verifica.
Encontramos situações
em que aparece a expressão "existe
um único"
ou "existe e é único".
A expressão
"para
todo"
é utilizada quando a propriedade enunciada é verdadeira
para "qualquer que seja" o elemento no universo considerado.
Se p é
a proposição: ,
isto é, "existe x tal que x verifica a propriedade P",
a negação do "existe" significa que a
propriedade enunciada não é satisfeita "para todo"
elemento do universo em questão. Ou seja, qualquer elemento
do universo considerado não satisfaz a propriedade P. Por exemplo,
se p: existe x tal
que x<4,
então ~p: qualquer
que seja x, .
Por outro lado, se
q é a proposição: ,
isto é, "qualquer que seja x, x verifica a propriedade P",
a negação
do "para todo" significa que "existe" algum
elemento no universo que não satisfaz a propriedade em questão.
Ou seja, existe pelo menos um elemento no universo que não verifica
a propriedade P. Por exemplo,
se q: para todo x,
2x=0
então ~q: existe
x tal que .
3. Teoremas e demonstrações
Essencialmente, todos
os resultados da matemática - ou seja, as afirmações
que podem ser chamadas teoremas, ou proposições, ou mesmo
lemas - são da forma hipótese(s) implica(m) tese.
Dito de outra maneira, os resultados são da forma: partindo de
alguns pressupostos - hipóteses - podemos concluir a tese.
O processo de demonstração
de um resultado é realizado a partir dessas hipóteses e,
mediante raciocínios mais ou menos elementares, onde vão
sendo obtidas conclusões intermediárias, até se chegar
à conclusão desejada.
Uma demonstração é uma lista de evidências
de que a afirmação do teorema é verdadeira.

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