Marie-Sophie Germain (1776 - 1831)

Marie-Sophie nasceu em Paris no dia primeiro de abril. Filha do próspero comerciante de seda Ambroise-François e de Marie-Madelaine Gruguelin, teve uma infância cercada de discussões sobre Política e Filosofia, já que sua casa era um local de reuniões onde se discutiam esses assuntos.

Quando tinha treze anos, Sophie leu um relato sobre a morte de Arquimedes por um soldado romano, e decidiu tornar-se matemática. Ela aprendeu Latim e Grego estudando sozinha. Sua paixão pelo aprendizado era tanta que lia Newton e Euler em sua cama, envolta por cobertas, enquanto seus pais dormiam - eles lhe haviam tirado as roupas e a luz em uma tentativa frustrada de fazê-la parar de ler.

A educação de Sophie foi muito desorganizada, obtida, entre outras maneiras, através de notas de aula de vários cursos da École Polytechnique, às quais ela teve acesso, incluindo um curso sobre Análise, dado por Lagrange. Ao término desse curso, Sophie passou a escrever para Lagrange com o pseudônimo de M. LeBlanc. Quando Lagrange descobriu que se tratava de uma mulher, ele respeitou seu trabalho, e tornou-se seu patrocinador e conselheiro matemático.

Sophie escreveu também para Legendre sobre problemas por ele sugeridos em seu Essai sur le Théorie des Nombres, de 1798, tornando-se sua virtual colaboradora. Legendre incluiu algumas de suas descobertas em um suplemento na segunda edição do Théorie. Várias de suas cartas foram publicadas em Oeuvres Philosophiques de Sophie Germain.

Gauss foi outro matemático importante com quem Sophie se comunicou, mais uma vez utilizando o pseudônimo M. LeBlanc - por ter medo de ser ignorada por ser uma mulher. Entre 1804 e 1809, ela escreveu em suas cartas sua compreensão minuciosa sobre os métodos presentes nos Disquisitiones Arithmeticaes, e suas provas sobre a Teoria dos Números, que foram muito elogiadas por Gauss.

Outro trabalho importante desse período foi sobre o último Teorema de Fermat, que se tornaria conhecido por Teorema de Germain. Esse foi o resultado mais importante no contexto do último Teorema de Fermat desde 1738 até as contribuições de Kummer, em 1840.

Sophie também esboçou um ensaio filosófico que foi publicado postumamente como Considérations générale sur l'état des sciences et des lettres no Oeuvres Philosophiques. Ela completou seus artigos sobre a Teoria dos Números e a Curvatura das Superfícies em 1831, após sofrer de um câncer no seio em 1829.

Sophie morreu no dia 27 de Junho de 1831, em Paris. Ela não se casou e seu pai a sustentou e financiou seus estudos até o fim de sua vida. Em atestado de óbito, não consta que ela foi uma matemática ou cientista, mas que tinha como meio de vida o aluguel de propriedades.