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A escala Richter
"Tremor de
terra de 3,4 pontos atinge Brasília"
Às 7h37, o chão balançou, assustando moradores de diversas casas da cidade
DEMÉTRIO
WEBER
BRASÍLIA
- Um tremor de terra atingiu ontem Brasília e pelo menos outras cinco
cidades no Distrito Federal e em Goiás, às 7h37, fazendo balançar o chão,
móveis e paredes em diversas casas. Apesar do susto, não houve feridos
nem prejuízos materiais. Segundo o Observatório Sismológico da Universidade
de Brasília (UnB), o abalo teve como epicentro uma área a 40 quilômetros
da capital federal e alcançou magnitude de 3,4 pontos na escala Richter,
que vai até 9,5 pontos.
O tremor foi sentido
na Asa Sul e no Lago Sul, área nobre de Brasília, além de cidades-satélites
como São Sebastião, Guará, Cidade Ocidental e Gama e no município goiano
de Valparaíso. O abalo pode ser percebido pela população durante menos
de dez segundos, de acordo com o professor de sismologia da UnB Vasile
Marza. Mas aparelhos do observatório registraram movimentos sísmicos por
aproximadamente oito minutos.
"É uma situação
normal e o próximo tremor com intensidade igual ou superior só deverá
se repetir daqui a dezenas ou centenas de anos", disse Marza. Mas
novos abalos secundários, de menor magnitude, poderão ocorrer nos próximos
dias. Por isso, técnicos do Observatório Sismológico instalaram ontem
equipamentos de medição entre as cidades-satélites de Planaltina e São
Sebastião, na área central do tremor - o primeiro cujo epicentro foi registrado
no Distrito Federal.
Marza explicou
que o abalo sísmico foi causado pelo deslizamento de rochas ao longo de
uma falha geológica na crostra terrestre, cerca de três quilômetros abaixo
do solo. Medições preliminares indicaram 3,4 pontos na escala Richter.
Na escala Mercalli Modificada, que vai até 12 pontos e mede os efeitos
de um tremor na superfície, o miniterremoto atingiu 5 pontos na região
de São Sebastião. Para ser de alta intensidade, teria de alcançar pelo
menos 7 pontos. Marza afirmou que o potencial sísmico na região de Brasília
é baixo. "Aqui é muito calmo."
Para a dona de
casa Maria da Conceição Fernandes Pereira, de 40 anos, o abalo teve causas
divinas. Às 7h37 ela lia a Bíblia em voz alta para o filho Victor, de
7 anos, antes de o menino ir para a escola, na cidade-satélite de São
Sebastião, a cerca de 30 quilômetros de Brasília.
Quando o tremor
começou, Maria da Conceição ficou convencida de que se tratava de "um
sinal divino". "Estava lendo justamente sobre a profecia do
fim dos tempos", contou ela, lembrando que o chão, o teto, as janelas,
o sofá e os copos sobre a mesa começaram a tremer.
Na casa de alvenaria,
porém, não houve nenhum prejuízo. "A parede já estava rachada antes
do tremor", disse ela, que se prepara para virar testemunha de Jeová.
O filho Victor achou inicialmente que um caminhão estivesse passando na
rua. "O barulho era dessas máquinas de fazer estrada", disse
Maria da Conceição.
Na Administração
Regional de São Sebastião, a auxiliar da Ouvidoria Joeli Peles de Moura,
de 57 anos, notou que tudo tremia à sua volta, em especial as cortinas
e enfeites na parede. Espantada, imaginou que o problema era com ela.
"Achei que estava passando mal", disse Joeli. No mesmo prédio,
a 15 metros de sua sala, a secretária Elsa Neri nem percebeu o tremor
de terra.
"Não senti
nada", contou Elsa. "Lá pelas 10 horas recebi uma ligação de
alguém querendo informações sobre o tremor e só então fiquei sabendo."”
(O
Estado de São Paulo (2000). Tremor de terra de 3,4 pontos atinge Brasília.
São Paulo, 21 de novembro, Caderno Geral)
Conforme observamos
no texto acima, vibrações na terra são medidas constantemente por observatórios
espalhados pelo país. Nesses observatórios existem aparelhos chamados
sismógrafos que fazem as medições dos tremores. Estes geram ondas sísmicas
que devem ser lidas e interpretadas, através de um gráfico, por estudiosos.
A partir dessa análise, que leva em conta fatores como o epicentro, ou
seja o foco do terremoto, e a duração do fenômeno, pode-se determinar
qual foi a magnitude e, conseqüentemente, o poder de destruição do tremor.
A escala mais conhecida
para determinar qual a intensidade de um terremoto é a escala Richter,
que foi desenvolvida por Charles F. Richter em 1935, no Instituto de Tecnologia
da Califórnia, a partir do estudo de cerca de 200 terremotos ao ano. Veja,
na tabela a seguir, quais os efeitos gerados por um terremoto, de acordo
com seu valor na escala Richter:
A fórmula desenvolvida
por Richter é a seguinte:
M
= log10 A + 3 . log10 (8.t)
– 2,92
onde:
M é a
magnitude do terremoto;
A é a
amplitude (em milímetros) medida com um sismógrafo;
t
é o intervalo de tempo (em segundos) entre a onda superficial (S) e a
onda de pressão máxima (P).
Para
exemplificar a aplicação de tal fórmula, vejamos um gráfico obtido através
de um sismógrafo de uma estação localizada no sul da Califórnia.
Gentil, N.;
Greco, S.E.; Marcondes, C.A. (2000). Matemática – Série Novo Ensino
Médio.
São Paulo: Ática. 3a edição.
Na figura
podemos observar que a amplitude A vale 23mm. A distância entre as ondas
P e S é de 24mm. Logo, sabendo-se que o papel de um sismógrafo ‘anda’
a 1 mm/s, concluímos que t
= 24s. Assim, pela fórmula anterior, temos que:
M =
log10 23 + 3.log10 (8.24) – 2,92 = 5,28
sendo,
portanto, um terremoto de baixa intensidade.
No texto,
logo no primeiro parágrafo, o jornalista afirma que a intensidade de um
terremoto chega, na escala Richter, até 9,5 pontos. Esse valor deve-se
ao fato de ser o maior valor alcançado até hoje, nessa escala, por um
terremoto. Vejamos o que podemos dizer do ponto de vista matemático.
A função
logarítmica na base 10 tem domínio o intervalo ]0, [ e é crescente.
Ou seja, se f(x) = log10 x, então quanto maior o
valor de x, maior será o valor de f(x). Então, na verdade, se não levamos
em conta o contexto, podemos ter valores extremamente elevados para t
e para A, tornando o valor de M infinitamente grande. Na prática, entretanto,
um terremoto com uma amplitude muito alta e tempo muito elevado é pouco
provável ocorrer.
O texto
cita uma segunda escala, a Mercalli, também usada na medição de terremotos.
Vejamos, a seguir, o que o mesmo jornal fala, no caderno Estadinho, a
respeito dessas escalas: “Para
medir o terremoto a
Escala Richter, criada em 1935 pelo físico Charles Richter (1900-1985),
mede a magnitude, ou seja, a força de um terremoto. Escrita em graus,
ela começa no 1 sem limite para terminar. Cada grau tem uma intensidade
10 vezes maior do que o anterior. Por exemplo, o grau 7 é dez vezes maior
que o 6, cem vezes maior que o 5, mil vezes maior que o 4, etc. Os grandes
tremores são classificados a partir do grau 7.
A Escala
Mercalli, desenvolvida por G. Mercalli, em 1902, descreve os efeitos produzidos
pelos tremores, observando os danos causados nas construções, pessoas
ou meio ambiente. Escrita em algarismos romanos e vai do I ao XII. O tremor
na Índia, que matou 30 mil pessoas foi classificado como X.” (O
Estado de São Paulo (2001). Para medir o terremoto. São Paulo, 3 de março,
Caderno Estadinho).
Também
é conhecida uma outra fórmula para o cálculo da magnitude de um terremoto
na escala Richter:
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, |
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onde:
E é a energia liberada
no terremoto em kWh;
E0
é constante e vale 7.10-3 kWh.
Assim, a nova fórmula
para o cálculo da intensidade leva em conta a energia, que depende da
duração e da potência dos tremores. Além disso, as duas fórmulas são equivalentes,
pois um mesmo terremoto deve ter mesma intensidade se calculado por uma
ou outra fórmula dentro de uma mesma escala.
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